A Fotografia e a Internet: o uso das mídias
Este texto relata uma Oficina de Fotografia em que alunos, entre sete e onze anos, daEscola de Artes CASULO em Palmácia – CE , construíram artisticamente olhares por meio doestudo teórico sobre a Fotografia, a apreensão de técnicas de utilização da máquina digital e dacriação de imagens a partir da reflexão sobre o espaço. Explico as ações pedagógicas na ordemem que ocorreram, citando os seus principais aspectos e assim, dialogo, interagindo com aconstrução das imagens de cada um. Discuto as relações entre a tradição fotográfica e as imagensdigitais, buscando promover o diálogo entre a representação na visão histórica e a práticaconcreta. Ressalto também a importância da aquisição de códigos visuais que tragam ao sujeito acapacidade produzir seu próprio significado. A página na Internet, com as criações dos alunos,foi enfim o meio escolhido para proporcionar a discussão sobre a qualidade estética dostrabalhos.
O assunto desta pesquisa surgiu de um questionamento dos alunos, nas aulas de Artes Visuais, sobre a Fotografia e os meios de divulgação da imagem.
Queriam descobrir como as fotos eram criadas e de que maneira eram produzidas na máquina fotográfica digital. A partir daí, resolvi desenvolver com eles uma Oficina, que pudesse construir conhecimentos expressivos acerca da temática e, estimulei-os a participar, revelando que publicaria as fotografias por eles criadas em um site da Internet.
Iniciei a primeira fase citando um pensamento de OSTROWER (2004), no qual ela explica que criar significando é poder compreender e integrar o compreendido em novo nível de consciência. Por isso, a criação depende tanto das convicções internas da pessoa, de suas motivações, quanto de sua capacidade de usar a linguagem no nível mais expressivo que puder alcançar. Este fazer artístico deve ser acompanhado de um sentimento de esponsabilidade, pois trata-se de um processo de conscientização do olhar.
Teve este processo como base o "aprender a olhar", compreensão na qual a imagem está ligada à Leitura Visual e esta, por sua vez, é acompanhada por uma crescente Alfabetização Visual, o indivíduo apreendendo os códigos através de uma sensibilização que se converte em criatividade ao ter uma ligação estreita com a atividade prática significativa.
Assim, os alunos ao desenvolver este processo, têm a capacidade de ler imagens e extrair o(s) sentido(s) que elas comportam, ampliada. O olhar termina por ser revestido de conceitos que abordam fundamentos da linguagem visual (luz, cor, o meio, figura e fundo) que possibilitam a apropriação artística do espaço trabalhado.
Na explicação sobre a História da Fotografia, busquei diferenciar as experiências executadas por químicos e alquimistas da Antiguidade, do daguerreótipo, que, apesar de não poder emitir cópias, foi uma das primeiras máquinas de fixação da imagem em um suporte e, das possibilidades que apareceram no uso e difusão da fotografia desde o início do séc. XX.
No segundo momento, durante a pesquisa de campo, procurou-se incentivar a apreciação com discussão, escolha de locais a serem trabalhados individualmente e aspectos relevantes ao posicionamento e ângulo da fotografia a ser tirada. Além disso, houve outras explicações sobre aspectos de luminosidade, foco e sobreposição de planos, conceitos de uso do equipamento fotográfico.
Cada aluno copiou em uma folha a seguinte seqüência para levar consigo durante a prática:
1) Paisagem Aberta – visão geral do local selecionado onde serão feitas as outras fotos.
2) Figura Humana Total – imagem de um modelo entre os alunos da Escola.
3) Paisagem Detalhe – um aspecto interessante da paisagem.
4) Figura Humana Detalhe – uma parte interessante do modelo.
5) Auto-retrato – através do dispositivo de disparo automático, o autor se fotografa na
paisagem escolhida.
A terceira fase tem dois aprendizados relacionados, o aprender a contextualizar e o apreender produzindo. A imagem a ser produzida é registro histórico de uma criação e, torna-se, portanto, fruto do devir.
Colocando os conceitos abordados na atividade prática, os alunos foram entendendo o espaço escolhido e criando suas apropriações, pesquisando as possibilidades de cada imagem.
Na última fase, levei-os até um computador ligado à Internet e construí, com eles, a página que ficaria disponibilizada via endereço Web. Houve intenso diálogo sobre como seria o layout, com que cores e que formas seria feita a página. |