Pelo menos 36 internos da unidade 1 da Fundação Casa de São Bernardo, no bairro Batistini, fugiram na noite de ontem após confusão na portaria. A Polícia Militar conseguiu recapturar 12 adolescentes até por volta das 23h. Os demais permaneciam foragidos.
Segundo funcionários ouvidos pelo Diário, por volta das 20h30 grande parte dos 64 internos da unidade começou tumulto no local conhecido como gaiola, que divide os espaços interno e externo do prédio. Como os monitores não conseguiram controlar a situação, os menores aproveitaram para pular o muro perimetral que cerca a instituição.
Dois funcionários foram feitos reféns durante a fuga, mas acabaram liberados após a chegada da polícia. Nenhum deles ficou ferido, segundo a instituição. A Corregedoria Geral da Fundação Casa foi até o local e vai abrir sindicância para apurar as causas do incidente.
Apesar do clima parecer controlado após a rebelião, a direção da unidade seguia tentando convencer os menores que não conseguiram escapar a voltar para os quartos. Por volta das 21h30, no entanto, eles ouviam música e gritavam ofensas contra os monitores.
“Foi tudo muito rápido”, disse um funcionário de uma transportadora vizinha à unidade. “Quando reparei na gritaria, já tinha uns meninos se arrastando para subir o barranco. Olhei e vi um monte deles descendo as escadas, pulando os portões.”
Um trabalhador da unidade afirmou que o principal motivo da fuga seria a insatisfação dos menores com a superlotação. “Eles gritavam que a cela tinha 17 e só cabia sete. Há tempos que o clima anda tenso e eles não nos respeitam.”
É a segunda fuga de internos da Fundação Casa registrada na região. No dia 6 de novembro, dois menores conseguiram escapar do prédio de Mauá. No último mês, a instituição registrou diversos episódios de tentativa de fugas na Capital e Grande São Paulo. Uma delas foi bem-sucedida na cidade de Ferraz de Vasconcelos. Outras, em Franco da Rocha e no Brás, foram frustradas. Na última, um adolescente morreu.
Entre julho e outubro, as duas unidades de São Bernardo registraram três rebeliões e duas tentativas de motim fracassadas. Na ocasião, os funcionários ameaçaram entrar em greve após serem agredidos pelos menores.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a anunciar que pediria revisão das idades dos internos e disse que o Estado de São Paulo transferiria aqueles que escaparam ou participaram de rebeliões e já completaram 18 anos para unidades prisionais. Jovens de até 19 anos permanecem internos nas unidades da Fundação Casa em caso de medida socioeducativa de três anos.
Fonte: Diário do Grande ABC