O vento gelado e a temperatura baixa não intimidaram os moradores do Grande ABC que, no começo da manhã de terça-feira (1º), já se concentravam no Paço Municipal, em São Bernardo, para comemorar o Dia do Trabalho. A cidade foi a única da região a promover festa em homenagem aos trabalhadores. Por esse motivo o público estimado pela Polícia Militar, de 60 mil pessoas, foi bastante superior ao do evento no ano passado, de 10 mil – também prejudicado pela chuva. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que encabeçou a organização da festa, 100 mil trabalhadores estiveram presentes.
Foram investidos R$ 630 mil no evento para que fossem reunidos artistas como Luan Santana, Zezé Di Camargo & Luciano, Paula Fernandes, Bruno & Marrone, João Bosco & Vinícius e Leonardo, que se emocionou durante a apresentação e, logo em seguida, voltou ao hospital para acompanhar seu filho Pedro.
Apesar da data comemorativa, muitos profissionais estão insatisfeitos com os benefícios recebidos. “O salário ainda é baixo. Preciso trabalhar em três escolas diferentes para ter renda suficiente para pagar as contas”, comentou a professora de Educação Física Rosemar de Lima, 31 anos, de São Bernardo. Já o soldador de Mauá Sebastião Mendes de Sá reclama das condições de trabalho. “Falta segurança. Muitos acidentes acontecem no dia a dia porque as regras e as normas não são seguidas.”
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, destacou as mudanças que a categoria pretende pleitear junto ao novo ministro do Trabalho e Emprego, Leonel Brizola Neto. “A primeira coisa que temos que fazer quando o ministro sentar na cadeira (ele assume o cargo na quinta-feira) é levar a agenda da indústria. A maioria dos empregos gerados não é no setor”, enfatizou. “Se ele quiser ser um grande ministro tem que concentrar todas as demandas da classe trabalhadora, que nos últimos meses ficaram pulverizadas (entre outras Pastas).”
Na avaliação do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, é preciso retomar o moral do MTE. “A atuação do ministério tem de ser resgatada. Nos últimos anos ela estava muito acanhada. Há espaço para priorizar a qualificação de mão de obra”, disparou Marinho.
Entre os itens em pauta está a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário. “O trabalhador que contribui com o teto tem de receber o teto ao se aposentar. É como financiar uma BMW e, após o pagamento, receber um Fusca”, apontou Nobre.
Para o deputado estadual Carlos Grana, é preciso elevar as alíquotas de imposto para produtos importados que chegam ao Brasil com valores menores do que o custo da produção. “É necessário, ao mesmo tempo, desonerar IPI, ICMS e ISS para que a indústria consiga competir.”
Fonte: Diário do Grande ABC