Câmara de São Bernardo paga conta de telefone sem conferir

A Câmara da cidade de São Bernardo pagou R$ 502 mil de conta telefônica sem analisar se o valor era correto e sem separar os débitos de cada gabinete, o que apontaria qual vereador extrapolou – ou não – o uso dos aparelhos celulares e fixos.

Essa é a conclusão do munícipe Marcelo Sarti, que teve seu pedido de acesso às contas respondido pelo presidente do Legislativo, Hiroyuki Minami (PSDB). No ofício enviado ao metalúrgico aposentado, o tucano informa que “não estão, ainda, disponíveis os cálculos acerca dos quantitativos de ligações telefônicas individualizadas por unidade administrativa”.

Minami pede mais 30 dias para concluir o levantamento das contas para, depois disso, entregar a Sarti. Já faz um mês do pedido. “A morosidade é decorrente do volume de registros e da inadequação dos arquivos disponíveis para seu manejo, que não permite dinâmica mais célere”, justifica o comandante da Casa.

O munícipe, por sua vez, que requereu os dados como qualquer outro morador poderia ter solicitado, pois trata-se de informação pública de conta paga com o dinheiro de impostos, afirma que “os administradores da Câmara já tiveram o tempo necessário para fazer a análise das contas”.

“Não vou ficar esperando mais nada. Vou montar um pequeno dossiê sobre a situação e encaminhar para apuração do Ministério Público. Insisto que a Câmara pagou as contas sem saber quem gastou”, discorre Marcelo Sarti.





Episódio – Em setembro, os vereadores autorizaram Minami pagar a dívida de R$ 502 mil com prestadoras de serviços de telefonia deixada na gestão anterior, de Otávio Manente (que morreu em abril). O débito com a Embratel (fixos) e Vivo (celulares) chegou a R$ 605 mil. Mas negociações com as companhias resultaram em desconto de R$ 103 mil.

Os serviços da Embratel foram prestados no período de outubro de 2009 a abril de 2011. Já os da Vivo foram contratados de julho de 2009 a julho de 2010 – eram 12 aparelhos celulares para cada um dos 21 gabinetes, beneficiando os vereadores e seus assessores. Otávio Manente contestava os valores cobrados e a forma de controle das empresas sobre as ligações, pois não havia separação da utilização por parlamentar.

Minami deu andamento ao pagamento por orientação do Tribunal de Contas do Estado, para evitar rejeição da contabilidade do Legislativo em 2011. Quitou, mas não conferiu se a cobrança era devida ou não, conforme resposta ao requerimento do munícipe.

“Fizemos a conferência global e pagamos. A empresa não quer saber como foi usado o serviço, quer receber. E, por orientação do TCE, quitamos. Agora estamos levantando individualmente e por gabinete. São milhares de dados. Não é de um dia para o outro”, afirmou o tucano.

Fonte: Diário do Grande ABC





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