Palco de desabamento parcial das lajes na noite de segunda-feira, que matou duas pessoas e feriu outras seis, o Edifício Senador, no Centro da cidade de São Bernardo, foi lacrado por tempo indeterminado, ontem, pela Polícia Civil e a Defesa Civil da cidade.
Segundo o delegado Victor Vasconcellos Lutti, titular do 1º DP (Centro) da cidade, apesar de não correr risco de desabar, conforme perícia preliminar do IC (Instituto de Criminalística), não há condições de as pessoas circularem no local com segurança. A reabertura depende da divulgação do laudo que está sendo preparado pelo IC e que deverá ficar pronto em cerca de 30 dias.
Será o documento que apontará as causas do acidente. Uma explosão e queda de caixa-d’água estão descartadas pela polícia. A principal suspeita é de que haja infiltrações e vazamento de água no prédio. Para ajudar na apuração do inquérito policial, um pedaço da manta asfáltica usada para impermeabilizar o terraço será enviado ao Instituto de Pesquisas Tecnólogicas. A obra, realizada há cerca de um ano, sem autorização da Prefeitura, pode ter ajudado no desgaste do alicerce do prédio. “De repente, a construção não aceitou bem essa manta. Queremos saber tudo: quem fez, como foi feito, quais materiais foram usados e quanto pesa”, disse Lutti.
“A obra foi muito bem feita”, afirmou o advogado Lauro Salera, 69 anos, há dez deles síndico do Senador.
“Nunca nenhum condômino reclamou ou denunciou que houvesse vazamento de água”, completou. Na terça-feira, ele negou à polícia que tivesse feito qualquer obra de impermeabilização. Voltou atrás ontem, após peritos atestarem que houve intervenções periódicas no terraço. “Foi uma catástrofe, é cedo para fazermos qualquer apontamento. Tudo é hipótese”, disse Lutti.
Ontem, os bombeiros terminaram o trabalho de remoção das cerca de 300 toneladas de entulho. A partir de agora, os peritos do IC e a Defesa Civil concentrarão os trabalhos dentro do prédio. Alguns pedaços de vidro e tijolo que ameaçavam cair na calçada da Avenida Índico foram retirados. Para aumentar a proteção, todo o contorno do edifício foi cercado por tapumes.
Para controlar o acesso de patrões e funcionários aos escritórios para a retirada dos pertences, a Polícia Militar precisou distribuir senhas. A demora foi grande. Um médico que chegou por volta das 9h só conseguiu sair com os prontuários, medicamentos e equipamentos mais de oito horas depois. “Foi uma despedida”, brincou. “Não tem como culpar alguém agora. Vamos esperar as coisas com calma, nos recuperar dessa tragédia.”
Fonte: Diário do Grande ABC